Eu andava apressada na rua em
direção ao mercado. Caminhava rápido e ao mesmo tempo cautelosa,por
conta de uma calçada irregular e molhada pela chuva fina que caía sem
parar.
De repente me deparei com cinco metros de um chão salpicado
de flores grandes e vermelhas,recém caidas de uma árvore enorme que tem
no quarteirão. O vento forte da manhã,havia jogado todas as flores na
calçada ,que estava coloridíssima e perigosa.
Eu tinha que passar pelo chão
de flores com muito cuidado, para não levar um belo escorregão,e para
tanto,teria que me desviar das flores caminhando com presteza e
habilidade,tentando evitar de colocar os pés em cima delas.
Flores lindas,molhadas e escorregadias…
Caminhei de maneira tão bizarra ( em zigue e zangue,com as pernas
alternadas,dando pulinhos,virando pra lá e pra cá,com os pés cruzados )
que as pessoas,na rua, começaram a olhar para mim como se eu fosse o ser
humano mais esquisito do mundo.O pessoal que estava no ponto e ônibus
me olhava com sorriso zombeteiro no canto da boca.Outros,me olhavam como
se eu fosse louca ; e outros,ainda abanavam a cabeça em sinal de
reprovação pela minha caminhada maluca.
O fato é que eu tinha dois
motivos para evitar de pisar nas flores caídas : primeiro que o
escorregão ia ser feio ; e segundo, que eu realmente não consigo pisar
em flores.
Mas…como explicar isso para as pessoas que passavam por mim ? Dei de ombro que nem criança mal criada,e continuei firme.
Estava terminando o circuito das flores,quando ( um dos meninos do
mercado,que fazem entrega de compras) pisou em uma delas na calçada e
levou o maior tombo,caindo no chão com todas as mercadorias que estavam
dentro das sacolas.Todo mundo correu para ajudar,inclusive eu.
Situação constrangedora,mas que veio para demonstrar a todos alí ao
redor, que meus cuidados ao andar por entre as flores,tinha razão se ser.
Me senti justificada, quando olhei para aquelas pessoas
espantadas e vi ,na expressão facial de cada uma delas,o entendimento e o
significado do meu caminhar cauteloso e cambaleante por entre as
flores.
*PenhaBoselli* / 2015