Estou cada vez mais fechada,mais quieta e mais voltada para mim mesma.
Na verdade,só escuto o que quero,só falo se for necessário,e só vejo o que me interessa.
Minha paciência tornou-se curta com algumas pessoas ( mesmo da família ) porque parece que pararam no tempo,não evoluiram…continuam pensando e dizendo as mesmas coisa de quarenta anos atras…
Acabo me tornando chata…anti social…esquisita.
Não correspondo aos olhares masculinos,que - além de não despertarem absolutamente nada em mim - as vezes até me incomodam,provocando um ar de reprovação compassiva,como a mãe que desaprova o procedimento de um filho.Não sou melhor que ninguém,não estou acima de ninguém…mas…alguma coisa mudou em mim…ou eu que mudei,sei lá.
A verdade é que hoje,olho o mundo com outros olhos,olhos que parecem não ser mais os meus de antigamente.
Muitas das coisas que eram imprescindíveis no meu passado ( ha trinta ou quarenta anos ) hoje para mim nem existem mais…estão num tempo tão longínquo,que parecem pertencer a alguma outra vida,que não essa.
Valorizo a paz,a quietude,a temperança,a vida saudável e equilibrada. Valorizo o silencio.
Fico perto de quem me faz bem,com pouco falatório,sem criticas e comentários desnecessários.
Gosto de pensar com esperança. Adoro minhas orações, e nem percebo o tempo passar, quando contemplo a sós ( na penumbra do quarto ) uma pequena chama de vela, estremecida nas cores laranja,amarelo e azul.
Algumas coisas não me interessam mais. Essa transmutação íntima faz parte do crescimento individual,e creio que todo ser humano passa por isso em algum momento da vida.
Somos caminhantes,e durante nossa peregrinação,mudamos nossas escolhas, optamos por novos rumos na estrada ( uma reta,uma curva,um atalho ) ainda que possamos parecer diferentes,esquisitos ou alheios as pessoas que tentam manipular nossas vidas. Com tantas opções e oportunidades,acabamos interferindo constantemente em nosso futuro.Um futuro que não existe como algo fixo,cristalizado e imutável. Mas como algo a ser construído diariamente,em cada situação do dia. Dessa maneira,olhamos a paisagem ao redor sempre com novos olhos,novos interesses,novas descobertas. Eu nunca ouvi de ninguém,que para ser feliz agora,precisa voltar para as escolhas do passado e viver novamente tudo o que lhes foi importante um dia,mas que hoje,não é mais. Essa alquimia interior,é tão natural como respirar.
O tempo passa silencioso como uma sombra, e o que foi importante para nós um dia,hoje não nos interessa mais.
*PenhaBoselli* / 2015