Nos tempos de criança,enfeitavamos nossa arvore de natal juntos ( eu e meus irmãos ) sob a supervisão da minha mãe. Os enfeites antigamente era de um vidro pintado bem fininho ; quebravam fácil e se estilhaçavam em caquinhos miúdos que cortavam perigosamente a mão da gente.
Nessa época,os cartões de natal vinham todos com motivo de neve,muita neve,muitos pinheirinhos e coisas de outros países do hemisfério norte,que nunca fizeram parte da minha vida,nem da cidade onde sempre morei no Brasil. A influencia de clima frio e neve no natal brasileiro era tão forte,que colocávamos nos ramos e galhos da arvore verde ( pinheirinho ) chumaços de algodão branco imitando neve. Isso nunca me incomodou,mesmo vivendo em uma região quente,de muito calor e nenhuma neve o ano inteiro.Criança tem imaginação e aceita tudo com alegria sem questionar. Mas uma coisa eu tinha vontade de tocar,pegar e montar com as próprias mãos : um boneco de neve ( que também apareciam em todos os cartões de natal da época ).
Cresci com a imagem desse boneco na cabeça,sabendo que seria difícil ter um ( ou mesmo moldá-lo ) sem a matéria prima básica : neve. Durante toda minha infância,meu sonho de consumo natalino foi ganhar ou construir um boneco de neve de verdade. Hora…minha imaginação e força de vontade,aliada ao sonho cultivado na alma por tantos anos,produziram um milagre dentro do meu quarto,no último natal.
Adormeci ( na véspera do natal ) saudosa dos pais falecidos e das noites infantis dos meus natais.Dormi lembrando das uvas,castanhas e do peru assado sobre a mesa da sala.Das taças de cristal ( que só saiam da prateleira de jacarandá em ocasiões especiais ) e das garrafas de vinhos vazias sobre o aparador. No embalo saudoso desse passado feliz, podia ouvir até o sino da igreja que soava lá na minha cidade,na madrugada do natal ( durante a Missa do Galo )
Peguei no sono com o espirito entristecido e o coração apertado pelo passado que não volta mais.
Acordei de madrugada,com luzes coloridas piscando pelo quarto, e um vulto branco ao lado da cama. Incrédula,constatei que era um boneco de neve. Neve de verdade,com nariz de cenoura e tudo. As luzes que piscavam vinham de uma árvore de natal plasmatica,sem corpo material,mas linda. Meu quarto tinha até estrela de Belém na parede,enorme e toda alaranjada. Indecisa e maravilhada,estendi o braço e toquei o boneco com as mãos sentindo na pele,como a neve é fresca, gelada e macia.
Feliz como criança,sentei na cama e comecei a interagir com o boneco de neve.Apelidei-o carinhosamente, de Branquelo. Conversei com ele por alguns minutos.Trocamos idéias e eu lhe disse o quanto ele fez parte do meu mundo infantil no passado. Eu estava em êxtase pelo sonho realizado. De repente fui tomada por um sono incontrolável.Deitei na cama, e antes de fechar os olhos,pude ver Branquelo bambear,entortar e por fim começar a se derreter inteiro. Meia inconsciente percebi que as luzes coloridas da árvore,piscavam cada vez mais fracas. Sem compreender o que sucedia,adormeci. Eu estava feliz e realizada. A magia do Natal esteve no meu quarto e realizou um grande sonho da minha vida. O impossível,as vezes,acontece.
Maria da Penha Boselli* / Maat* 2005
Nessa época,os cartões de natal vinham todos com motivo de neve,muita neve,muitos pinheirinhos e coisas de outros países do hemisfério norte,que nunca fizeram parte da minha vida,nem da cidade onde sempre morei no Brasil. A influencia de clima frio e neve no natal brasileiro era tão forte,que colocávamos nos ramos e galhos da arvore verde ( pinheirinho ) chumaços de algodão branco imitando neve. Isso nunca me incomodou,mesmo vivendo em uma região quente,de muito calor e nenhuma neve o ano inteiro.Criança tem imaginação e aceita tudo com alegria sem questionar. Mas uma coisa eu tinha vontade de tocar,pegar e montar com as próprias mãos : um boneco de neve ( que também apareciam em todos os cartões de natal da época ).
Cresci com a imagem desse boneco na cabeça,sabendo que seria difícil ter um ( ou mesmo moldá-lo ) sem a matéria prima básica : neve. Durante toda minha infância,meu sonho de consumo natalino foi ganhar ou construir um boneco de neve de verdade. Hora…minha imaginação e força de vontade,aliada ao sonho cultivado na alma por tantos anos,produziram um milagre dentro do meu quarto,no último natal.
Adormeci ( na véspera do natal ) saudosa dos pais falecidos e das noites infantis dos meus natais.Dormi lembrando das uvas,castanhas e do peru assado sobre a mesa da sala.Das taças de cristal ( que só saiam da prateleira de jacarandá em ocasiões especiais ) e das garrafas de vinhos vazias sobre o aparador. No embalo saudoso desse passado feliz, podia ouvir até o sino da igreja que soava lá na minha cidade,na madrugada do natal ( durante a Missa do Galo )
Peguei no sono com o espirito entristecido e o coração apertado pelo passado que não volta mais.
Acordei de madrugada,com luzes coloridas piscando pelo quarto, e um vulto branco ao lado da cama. Incrédula,constatei que era um boneco de neve. Neve de verdade,com nariz de cenoura e tudo. As luzes que piscavam vinham de uma árvore de natal plasmatica,sem corpo material,mas linda. Meu quarto tinha até estrela de Belém na parede,enorme e toda alaranjada. Indecisa e maravilhada,estendi o braço e toquei o boneco com as mãos sentindo na pele,como a neve é fresca, gelada e macia.
Feliz como criança,sentei na cama e comecei a interagir com o boneco de neve.Apelidei-o carinhosamente, de Branquelo. Conversei com ele por alguns minutos.Trocamos idéias e eu lhe disse o quanto ele fez parte do meu mundo infantil no passado. Eu estava em êxtase pelo sonho realizado. De repente fui tomada por um sono incontrolável.Deitei na cama, e antes de fechar os olhos,pude ver Branquelo bambear,entortar e por fim começar a se derreter inteiro. Meia inconsciente percebi que as luzes coloridas da árvore,piscavam cada vez mais fracas. Sem compreender o que sucedia,adormeci. Eu estava feliz e realizada. A magia do Natal esteve no meu quarto e realizou um grande sonho da minha vida. O impossível,as vezes,acontece.
Maria da Penha Boselli* / Maat* 2005