sexta-feira, 5 de abril de 2019

PRISIONEIRA

Acordei enclausurada. 
Meu quarto estava normal,absolutamente nada fora do lugar. Ao meu redor tudo aparentava normalidade,e os sons que vinha da rua ( pela janela ) eram os mesmos de toda manhã. Mas havia um porém. Uma tela de corda atravessava todo o quarto de parede a parede,do teto até o chão. Uma luz cor laranja permanecia pendurada em um dos quadrados da rede enigmática. Receosa de levar um choque,aproximei-me vagarosamente da imensa rede de corda,tentando sentir a energia. Aos poucos fui percebendo que a rede não existia. Não na terceira dimensão da matéria,como conhecemos. Era uma rede virtual,holográfica,mas apesar de não densa,desprovida de matéria,não me deixava passar.Constatei que estava prisioneira no meu próprio quarto.
Não entrei em desespero,porque ao olhar para a luz laranja,intui que a rede duraria o tempo da luz. Sentei na cama com calma e comecei a respirar profundamente com os olhos mergulhados na luz. Não vi o tempo passar,nem sei como ou em que momento a rede desapareceu. Aos poucos ela foi se dissolvendo,enquanto a luz laranja também se apagava. Saí da meditação com a sensação de que o ar dentro do quarto era mais leve que o normal,e que minha alma,também havia se libertado de  alguma amarra antiga, onde estivera presa por eons de  tempo em vidas passadas.
                                                                                   

                                                                                           Maria da Penha Boselli* / Maat* 2015