Escrevi
o ultimo parágrafo,e assinei embaixo. A chama da vela vacilava o tempo
todo,me cansando os olhos e tornando difícil a leitura do texto.Quem
passasse na rua de Paris a essa hora,talvez visse ( pela janela de vidro
transparente ) um vulto de homem debruçado sobre a
escrivaninha,tentando escrever ou ler alguma coisa,em meio a fraca luz
alaranjada que refletia da vela por todo o quarto.
O texto parecia bom. Um breve relato sobre as esperanças do povo francês para acabar com a fome, a miséria e a falta de liberdade em dias de guilhotina ,que se movimentava para cima e para baixo ininterruptamente em praça pública.
Tempos de caos. Ninguém sabia quem era quem. Cabeças rolavam aleatoriamente,já sem critérios,sem causa,sem motivo justo.Bastava estar vivo e ser francês.
Mas a esperança se mostrava presente o tempo todo. O povo miserável,e vários segmentos da sociedade francesa, ansiavam pela paz. O terror estava com os dias contados e finalmente as noites calmas voltariam a existir em Paris. O medo seria banido.A esperança assumiria seu posto vitoriosa. Dei-me por satisfeito.Fechei o caderno de anotações,peguei minha lamparina de vela e fui para o quarto de dormir,logo ao lado.
Foi como atravessar um portal. Eu estava cansado e confuso. O quarto estava diferente e a cama ( toda arrumada com capricho ) parecia de mulher. Os móveis não combinavam com o resto da casa. Todo o estilo e a arrumação do quarto branco,era muito diferente de tudo que já havia visto em Paris.Mas era meu quarto.E nesse quarto eu era mulher.
Fiquei confuso novamente mas não estranhei a sensação de dois tempos,dois corpos,dois quartos diferentes,em um mesmo lugar. Mesmo desconfiado,sentei na cama.Estava cansado demais e por isso deitei e me ajeitei para dormir.Pude ver a outra parte da casa ( construção antiga de Paris no século XVIII ) e avistei meu caderno de anotações sobre a escrivaninha. Alguém no dia seguinte, o encontraria,com certeza.
Relaxei rápido e soprei a vela para dormir.A cama me parecia familiar.Não tentei compreender o que estava contecendo. Apenas desejei que meu texto sobre a escrivaninha, fosse encontrado por alguém lúcido do momento histórico. O bom uso dos meus escritos poderia multiplicar entre os habitantes de Paris, a esperança pela liberdade,fraternidade e paz. A França do caos,da miséria e do medo,ficaria no passado. Novos tempos…
Adormeci consciente de que jamais saberia o destino do meu caderno de anotações,e muito menos quem era eu.
Maria da Penha Boselli* / Maat* 2015
O texto parecia bom. Um breve relato sobre as esperanças do povo francês para acabar com a fome, a miséria e a falta de liberdade em dias de guilhotina ,que se movimentava para cima e para baixo ininterruptamente em praça pública.
Tempos de caos. Ninguém sabia quem era quem. Cabeças rolavam aleatoriamente,já sem critérios,sem causa,sem motivo justo.Bastava estar vivo e ser francês.
Mas a esperança se mostrava presente o tempo todo. O povo miserável,e vários segmentos da sociedade francesa, ansiavam pela paz. O terror estava com os dias contados e finalmente as noites calmas voltariam a existir em Paris. O medo seria banido.A esperança assumiria seu posto vitoriosa. Dei-me por satisfeito.Fechei o caderno de anotações,peguei minha lamparina de vela e fui para o quarto de dormir,logo ao lado.
Foi como atravessar um portal. Eu estava cansado e confuso. O quarto estava diferente e a cama ( toda arrumada com capricho ) parecia de mulher. Os móveis não combinavam com o resto da casa. Todo o estilo e a arrumação do quarto branco,era muito diferente de tudo que já havia visto em Paris.Mas era meu quarto.E nesse quarto eu era mulher.
Fiquei confuso novamente mas não estranhei a sensação de dois tempos,dois corpos,dois quartos diferentes,em um mesmo lugar. Mesmo desconfiado,sentei na cama.Estava cansado demais e por isso deitei e me ajeitei para dormir.Pude ver a outra parte da casa ( construção antiga de Paris no século XVIII ) e avistei meu caderno de anotações sobre a escrivaninha. Alguém no dia seguinte, o encontraria,com certeza.
Relaxei rápido e soprei a vela para dormir.A cama me parecia familiar.Não tentei compreender o que estava contecendo. Apenas desejei que meu texto sobre a escrivaninha, fosse encontrado por alguém lúcido do momento histórico. O bom uso dos meus escritos poderia multiplicar entre os habitantes de Paris, a esperança pela liberdade,fraternidade e paz. A França do caos,da miséria e do medo,ficaria no passado. Novos tempos…
Adormeci consciente de que jamais saberia o destino do meu caderno de anotações,e muito menos quem era eu.
Maria da Penha Boselli* / Maat* 2015