Os bloquinhos de bairro e vilas não cessam de aparecer aqui em Sampacity na época de carnaval.Dois anos passados surgiu aqui na Vila Clementino um cordão de carnaval bem simples colorido e com pessoal do bairro. O bloco desceu a 11 de Junho com familias,crianças,uma banda num trio elétrico pequeno, muita fantasia, modinhas antigas e uma ambulância atras, seguida de uma equipe de varredores de rua, pra já deixar tudo limpinho. Dá pra perceber que houve organização no evento.
O desfile carnavalesco vai caminhando num circuito que demora no máximo duas horas.No bloco todo mundo se conhece e se diverte sem estresse.
Esse ano o bloquinho passou ontem a tarde, e por toda cidade de São Paulo surgem cordões carnavalescos pequenos em busca de uma diversão mais light, sem características empresariais, de mídia, lucros exorbitantes, massa de gente em excesso e sem hora para acabar.
O carnaval de sambódromo é outro carnaval.Outro estilo de comemorar o reinado de Momo.Assumiu proporções dantescas, lucrativas, empresariais e turísticas ( além de pactos obscuros ) Deixou de ser carnaval para virar “ fábrica de carnaval "
A Jardineira fez sucesso em Taquaritinga porque arrebanhou um público que não se interessa mais pelo carnaval de longas madrugadas, barulhentas e estressantes.
Existe uma fatia de gente que gosta de carnaval, mas de uma maneira segura e moderada ; sem exagero e sem multidão descontrolada.
Carnaval de Sambódromo é pra ver na televisão. Carnaval de bloquinho é pra se divertir em paz.
O Batatão já foi melhor e deveria seguir o exemplo da Bahia,onde o Trem Elétrico caminha com circuito certo para começar e terminar. Ninguém fica parado no mesmo lugar.Não sei se seria viável, mas pode ser pensado.
Se o objetivo do Batatão antigamente, era se contrapor á elite que frequentava o Clube Imperial, isso não faz mais sentido, porque o Clube nem existe mais.Os tempos são outros. Mas…se o objetivo era ficar perto dos bares ( que existiam aos montes no centro da cidade ) isso também já era, porque hoje só existem lojas e mais nada. O point agora de bares,restaurantes,lanchonetes e lazer foi para a avenida Paulo Escandar.
Bom mesmo seria que cada vila ou bairro da cidade fizesse seu próprio bloquinho de carnaval, com músicos da comunidade, amparados pela secretaria da cultura e moradores locais. Uma nova maneira de se divertir : carnaval tranquilo, sem estresse, sem atravessar longas madrugadas e mais familiar. De repente os tempos são outros, nada precisa continuar como sempre foi, ninguém precisa seguir o modelo importado de outros lugares, nem ficar “congelado" num instante do passado. Existem outras maneiras de vivenciar o carnaval. Basta planejar e ter coragem de mudar.
Maria da Penha Boselli* / 2017